A História de Sucesso do Concurso Café Qualidade Paraná
O concurso define padrões de produção e preparo do grão e também serve como um espaço para aproximar produtores e compradores
É importante conhecer um pouco sobre a história do café em nosso estado. O Paraná foi o maior produtor de café do mundo! Em 1962, o estado tinha 1.836.000 hectares de lavouras de café, o que equivale a mais de 2 milhões de campos de futebol. Contudo, a história mudou. O evento da geada negra de 1975, as questões sociais, trabalhistas, de mercado e a ocorrência de doenças e pragas foram fatores que contribuíram para a diminuição da área plantada de café.
O Governo do Estado, no início dos anos 90, implantou um programa de revitalização da cafeicultura paranaense com o intuito de reestruturar a cadeia produtiva do café. Os engenheiros agrônomos trabalharam arduamente para revitalizar a cafeicultura por meio de novas variedades e cultivares, mudas enxertadas e espaçamentos de plantio adensado, visando a um novo sistema de produção. A partir do Programa de Revitalização da Cafeicultura Paranaense, surgiu a necessidade de produzir café considerando não só a quantidade e produtividade, mas também a qualidade.
Foi nessa conjuntura, no ano 2000, que o Governo do Estado do Paraná lançou o Concurso Estadual 2000. O sistema de agricultura do Estado foi envolvido no desenvolvimento do concurso e, por meio da Câmara Setorial do Café, as organizações privadas foram grandes apoiadoras, como: cooperativas, associações, o Centro do Comércio de Café do Norte do Paraná, federações, empresas de torrefação e equipamentos para a cafeicultura, e a Bolsa de Cereais e Mercadorias de Londrina. Outro parceiro foi o Ministério da Agricultura, com o DECAF – Departamento do Café (antigo IBC), que contribuiu para a estruturação desse novo cenário para o café, destacando o engenheiro agrônomo Francisco Barbosa Lima (Barbosa), um profundo conhecedor da cafeicultura paranaense.As campeãs desse primeiro concurso foram as amostras de café produzidas nos municípios de Rolândia (categoria natural) e Carlópolis (categoria cereja descascado).
O Paraná foi acometido por uma geada em 2000, e o Concurso Café Qualidade Paraná foi suspenso nos anos subsequentes, retornando somente em 2004, mais estruturado e buscando referências de qualidade. O cartaz de 2004 estampa Bárbara Laffranchi – técnica bicampeã pan-americana de ginástica artística – com o mote 'Nós Fazemos a Diferença' (https://www.cafequalidadeparana.com.br/galeria-de-fotos.html), deixando explícito que, no Paraná, as pessoas fazem a diferença quando falamos de qualidade.
Ainda no ano de 2004, o Sistema SEAGRI (Sistema de Agricultura do PR) e o Ministério da Agricultura promoveram o primeiro curso para a formação de classificadores e degustadores de café, certificando vinte profissionais, que passaram a colaborar diretamente no Concurso Café Qualidade Paraná. Eles difundiram conhecimento em seus municípios e regiões, subsidiando os cafeicultores com informações focadas na qualidade do café produzido. A adesão a um sistema de produção que valoriza a qualidade tem o intuito de agregar valor e dar visibilidade ao café paranaense.
E por que precisávamos dar visibilidade a um produto que já está na casa da maioria dos brasileiros?
O café paranaense, com uma pequena produção, não encontrava espaço para competir com os cafés produzidos em outros estados. O consumidor acreditava que o Paraná só produzisse café de baixa qualidade. Ciente desse cenário, a Câmara Setorial do Café e todos os profissionais envolvidos na organização do concurso elegeram a palavra 'diferença' para compor todos os motes das campanhas, conforme consta nos cartazes (https://www.cafequalidadeparana.com.br/galeria-de-fotos.html):
2005 - “A força da diferença depende de você”
2006 - “Diferença no preparo conquista mercado”
2007 - “Mercado consumidor quer esta diferença”
2008 - “Comprar e consumir nosso produto faz a diferença”
2009 – “Qualidade com sustentabilidade faz a diferença de mercado e preço”
2010 – “O café na sua vida faz a diferença”
2011 – “Maior renda e melhor sabor fazem a diferença”
2012 –“A tecnologia faz a diferença”
2013 –“Mecanização cafeeira faz a diferença”
2014 –“Gestão na atividade faz a diferença”
2015 –“A gestão faz diferença na produtividade e na qualidade”
2016 – “A atitude faz a diferença”
Em treze edições consecutivas do concurso (2004 a 2016), a palavra 'diferença' foi utilizada para ressaltar que o café produzido no Paraná era diferente do café produzido nas décadas de 60, 70 e 80. Além disso, a qualidade do nosso café estava sendo trabalhada em todas as etapas de produção e beneficiamento. Esse novo produto agora poderia competir no mercado, trazendo renda ao cafeicultor.
Nos anos seguintes, os motes das campanhas publicitárias praticamente se repetiram, com expressões muito mais afirmativas que traduziam o resultado do trabalho no Paraná:
2017 –“O Paraná tem café de qualidade”
2018 – “O Paraná tem café de qualidade”
2019 – “O Paraná tem cafés especiais”
2020 –“O Paraná tem cafés especiais”
2021 –“O Paraná tem cafés especiais”
Por que aparecem tantas pessoas nos cartazes de divulgação?
Na condução do concurso, a Comissão Organizadora e todos os profissionais envolvidos entendiam que o resultado esperado desse novo produto, o café, só seria alcançado se os cafeicultores adotassem as novas tecnologias disponíveis. Os cartazes, com o objetivo de valorizar o produtor, estampavam as fotos dos cafeicultores campeões da edição anterior do concurso. No concurso, as etapas estavam estruturadas e, aos poucos, revelavam campeões de nível nacional, como em 2006, com o café produzido em Salto do Itararé; em 2009, com o café de Mandaguari; e em 2015, com o café de Japira. A dinâmica ditava que o primeiro lugar do concurso paranaense participaria do Concurso Nacional promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC).
EDIÇÕES DO CONCURSO, ANO DE REALIZAÇÃO E MUNICÍPIOS CAMPEÕES
Edição |
Ano |
Municípios Campeões |
---|---|---|
1ª |
2000 |
Rolândia e Carlópolis |
2ª |
2004 |
Londrina e Curiúva |
3ª |
2005 |
Mandaguari e Apucarana |
4ª |
2006 |
Salto do Itararé e Ribeirão Claro |
5ª |
2007 |
Marialva e Tomazina |
6ª |
2008 |
Apucarana e Cornélio Procópio |
7ª |
2009 |
Mandaguari e Congonhinhas |
8ª |
2010 |
Jandaia do Sul, Jacarezinho e Londrina |
9ª |
2011 |
Mandaguari e Congonhinhas, Mandaguari |
10ª |
2012 |
São Jerônimo da Serra, Japira, Japira |
11ª |
2013 |
Ribeirão Claro, Curiúva, Santo Antônio da Platina |
12ª |
2014 |
Ribeirão Claro, Ibaiti, Ibaiti |
13ª |
2015 |
Joaquim Távora, Pinhalão, Japira |
14ª |
2016 |
Cambira, Jacarezinho, Joaquim Távora, Tomazina |
15ª |
2017 |
Curiúva, Cambira, Tomazina, Tomazina |
16ª |
2018 |
Ribeirão Claro, Ivaiporã, Pinhalão, São Jerônimo da Serra |
17ª |
2019 |
Joaquim Távora, Tomazina |
18ª |
2020 |
Congonhinhas, São Jerônimo da Serra |
19ª |
2021 |
Apucarana, São Jerônimo da Serra, Congonhinhas |
20ª |
2022 |
Pinhalão, Tomazina |
21ª |
2023 |
Pinhalão, São Jerônimo da Serra |
Em 2012, o concurso foi incrementado com uma nova etapa: a inclusão dos 'Patrocinadores Masters'. Até 2011, o concurso era realizado com os recursos da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB) e com a participação dos profissionais do Departamento de Economia Rural (DERAL), do Departamento de Desenvolvimento Agropecuário (DEAGRO), do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), da extensão (antiga EMATER) e da pesquisa (antigo IAPAR), além da colaboração da Câmara Setorial do Café, que é composta por entidades privadas ligadas à cafeicultura, como cooperativas, indústria de torrefação, bancos, federações e o Ministério da Agricultura, por meio do Decaf, entre outras. Essas entidades liberavam seus profissionais habilitados e emprestavam suas estruturas, inclusive os utensílios, para trabalhar no concurso.
A partir de 2012, a Câmara Setorial do Café convidou os patrocinadores para custear parte das despesas do concurso. Em contrapartida, o concurso divulgaria a marca dos apoiadores em todas as mídias e disponibilizaria espaço para exposição de banners e estandes das instituições patrocinadoras em eventos.
O objetivo maior de incluir os patrocinadores no Concurso Café Qualidade Paraná foi dar visibilidade ao café paranaense. Para esse fim, foi desenvolvida a etapa 'Entrega da Edição Especial aos Patrocinadores', que consiste na entrega de pacotes de café especial para as instituições patrocinadoras, com suas logomarcas. O intuito é que esse café especial seja distribuído entre sócios, gerentes, diretores, cooperados, associados, clientes, lideranças, políticos e tantos outros grupos que possam apreciar e difundir a boa qualidade do café paranaense.
Um breve resumo para facilitar o entendimento das etapas e cronologia do Concurso Café Qualidade Paraná:
O Concurso Café Qualidade Paraná está sendo escrito por várias mãos, através da vontade e do empenho do Governo do Estado do Paraná. Por meio do Sistema SEAGRI, o governo apoia e capacita os cafeicultores para produzirem o melhor café do Paraná. Também não podemos deixar de salientar a importância dos patrocinadores, que possibilitam a aquisição dos lotes dos cafés vencedores por um preço superior ao valor de mercado. Com esses lotes, são confeccionadas as Edições Especiais, que proporcionam a novos nichos de consumidores a apreciação de um bom café paranaense.
Lorian Voigt Gair
Engenheira Agrônoma
SEAB –DEAGRO - Londrina